AZUL, É A COR MAIS QUENTE
É só o Amor, É só amor...
Azul é a Azul é a cor mais quente que foi o vencedor da última
Edição de Cannes e essa vitória, se deu exatamente quando a França se
encontrava numa tremenda polêmica contra o casamento entre pessoas do mesmo
sexo. Diante de turbilhão, o filme, acabou sendo tachado como um filme gay que acaba
de vencer um dos mais importantes festivais do mundo e assim calado uma parte
conservadora da cidade francesa.
Além disso o filme ainda passou por uma série
de polêmicas, primeira delas, foi com as atrizes que declararam publicamente
que nunca mais trabalhariam com o diretor Abdellatif Kechiche, por que se
sentiram exploradas, principalmente por ter que passar 10 dias filmando a cena
tão “polemica” de sexo entre elas. Logo depois alguns grupos de feministas
também entraram na briga, acusando Kechiche de machismo e exploração
fetichistas.
Mas, aí vem as perguntas, o filme é apenas um
“romance” gay? É apenas uma cena de sexo próxima do real entre duas mulheres?
Ou é algo muito maior? Porque o filme está nas listas de 9 entre 10 críticos no
mundo? O que tem esse filme de tão especial?
Teoricamente em função da classificação
etária imagino que você ao assistir ao longa vai lembrar da época em que era um
adolescente cheio de dúvidas e que se preparava para entrar na vida adulta,
mesmo sem saber que caminho tomar – nossa personagem principal Adèle se
encontra nessa fase da vida, em que nem sabe ao certo se gosta de meninos ou
meninas, até que encontra Emma e pela primeira vez na vida descobre o que é o
amor verdadeiro.
Azul é a cor mais quente é
exatamente esse rito de passagem de uma jovem que vai numa manifestação para
tentar mudar o mundo, mas que ainda não sabe como mudar sua própria vida, que a
todo momento sente que não tem rumo. Kechiche com uma delicadeza magnífica,
mostra que o amor não tem condição sexual, pode acontecer entre pessoas de
sexos opostos ou do mesmo sexo, e independente disso, numa relação intensa e
profunda há sexo, há carinho, há cumplicidade e infelizmente também há
decepção, há dor.
Amar não é uma tarefa fácil, mas é fundamental para o amadurecimento do
ser humano. Portanto o fato de ser duas mulheres em nada muda o sentido do que
em geral o ser humano vive nessa fase da vida, o que prova que não se trata de
um filme gay e sim um filme de amadurecimento e de amor que qualquer um viveu
ou ainda pode viver ao longo da vida.
Especificamente sobre a cena de sexo que parece ter sido realmente feita
e não encenada, eu lhes pergunto. Quando você namora e está apaixonado (a) pelo
seu parceiro (a), você não faz sexo? Então ter a cena de sexo é completamente
justificável, já que Kechiche, desde do início do longa, buscou quase de forma
documental mostrar a vida de Adèle, como poderia ser a sua vida.
O longa assim como Frances Ha vem sendo aclamado pela crítica exatamente
por conseguir de forma sucinta (apesar das suas 3 horas de duração), mostrar
como acontece esse amadurecimento para a vida. É duro, é difícil, mas as vezes
nas piores e mais dolorosas fases da vida é que conseguimos encarar que chegou
a hora de ser adulto e levantar a cabeça e começar tudo outra vez. Mais
experiente, o tombo pode ser menos doloroso, o importante e não desistir nunca,
seguir em frente sem olhar para trás.
Azul é a cor mais quente é o retrato cru de uma história de amor, de uma
história de vida. Uma obra que facilmente te levará a refletir sobre seu
passado, sentir o seu presente e mentalizar como será o seu futuro. Imperdível!
SINOPSE
Adèle (Adèle
Exarchopoulos) é uma garota de 15 anos que descobre, na cor azul dos cabelos de
Emma (Léa Seydoux), sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a
ninguém, seus desejos, ela se entrega por completo a este amor secreto,
enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente.