sexta-feira, 30 de agosto de 2013

MATERNIDADE DE MULHERES LÉSBICAS

Preconceitos não impedem Maternidade de Mulheres Lésbicas. A maternidade é um Direito de todas as mulheres e o sonho de algumas. Contudo, quando se trata de mulheres lésbicas que buscam a gravidez – por meio de doadores de sêmen, seja eles conhecidos ou desconhecidos – o preconceito fica evidenciado.
Uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) DA USP (Universidade de São Paulo) entrevistou 12 mães ou futuras mães lésbicas e constatou casos de preconceito por tarte de alguns profissionais da saúde quando buscavam o serviço de produção assistida. “Houve um relato de um Médico que se recusou a fazer o serviço por questões religiosas”. E também umas das mulheres, cuja parceira queria engravidar, foram chamadas de “galara por um Médico”, conta a pesquisadora formada em enfermagem, senhora Mª Eduarda C. Correa. “’Galara’ é uma expressão utilizada no Nordeste brasileiro que se refere pejorativamente a um homem infértil.”
A senhora Mª Eduarda é autora do estudo de Doutorado, Duas mães? Mulheres lésbicas e maternidade, apresentado na FSP em Abril. Ela conta que, as 12 entrevistadas, 11 disseram ter desejado em algum momento da vida ser mãe. “Quando elas se assumiram como humanos homossexuais, algumas disseram ter refletido sobre a possibilidade de ser ou não mãe, se elas ainda teriam esse Direito”, conta a pesquisadora, “Mas, isso não as fez desistir desse sonho”.
O preconceito, muitas vezes, vinha também da relação das mulheres com a família. A senhora Mª Eduarda explica que havia três níveis de aceitação familiar à homossexualidade:
·        Aquelas que aceitavam bem,
·        As que aceitavam razoavelmente,
·        As famílias que não aceitavam.
“A reação de alguns familiares ao verem as mulheres grávidas era dizer ‘que bom que você se curou’”. A homossexualidade seria uma doença e a gravidez, a cura. “Isso porque existe aquela imagem da mãe como uma personificação da pureza.”
Métodos
Os métodos conceptivos buscados foram variados. As mulheres preferiam ir a alguma clínica para fazer reprodução assistida – que engloba inseminação artificial, fertilização in vitro e a injeção intracitoplasmática do espermatozoide – onde poderiam escolher um doador de esperma anônimo, para que a experiência de cria uma família fosse exclusivamente do casal, e que tivesse algumas características físicas desejadas pelas futuras mães. “Em um dos casais, por exemplo, a mãe que não engravidar tinha descendência japonesa”.
Por isso, elas escolheram um doador que fosse descendente de japoneses, para que a criança perecesse fisicamente com as duas mães. Isso “ajuda a criar a identidade do núcleo familiar e facilita também na aceitação da criança pelos familiares das mulheres”, afirma à senhora Doutora Mª Eduarda.
Além da reprodução assistida, outros possíveis métodos a serem utilizados são a inseminação caseira ou a relação heterossexual ocasional para fins reprodutivos. Na inseminação caseira a mulher usa a tabelinha para controlar seu período fértil. Ela compra o equipamento necessário e precisa contar com a doação de esperma, geralmente de alguém de confiança para fazer aplicação.
Todos esses métodos, porém, são caros e exigem uma boa condição financeira de quem deseja utilizá-los. Cada tentativa de inseminação artificial pode custar em torno de 25 mil reais (Vinte e cinco mil reais) ou mais. Por isso, quem não tem muito dinheiro, precisa usar outros métodos. Entre as participantes do estudo, uma teve uma trajetória diferente das outras.
“Todas as outras mulheres, vinham de classe média”. Elas tinham desejado ser mãe em algum momento da vida. “Mas uma delas nunca tinha desejado ser mãe e teria uma condição social inferior”. Conta à senhora Mª Eduarda.
Solteira, ela resolveu ter filho, pois havia sido diagnosticada com câncer de útero. “Ela teria que retirar o útero. Então, até um pouco por pressão da família e da equipe Médica, assim ela resolveu engravidar”.
Como não possuía condições de pagar uma Clínica, ela pediu a ajuda de um amigo, também homossexual, que aceitou ter relações sexuais para que ela engravidasse sem nenhum problema. “Ela coutou que foi horrível”. Depois de três tentativas já não aguentava mais e pensou desistir, mas na terceira vez ela engravidar e foi um sucesso na relação.
ROPA
Outro aspecto considerado positivo pelas mulheres era a técnica de Recepção dos Óvulos da Parceira (ROPA), que permite a participação das duas mães na geração da criança. Uma cede o óvulo e a oura tem a gestação. Na época das entrevistas, realizadas entre 2009 e 2001, um casal estava tentando engravidar com a ROPA, mas não obteve sucesso, e outra mulher já tinha uma criança nascida com a utilização da técnica.
“Todas viam a ROPA como uma ótima possibilidade de as duas parceiras participarem da gravidez”, afirma à senhora Doutora Mª Eduarda. De acordo com a Legislação Brasileira, mãe é aquela que gerou e pariu o filho (a). Com a ROPA, porém, a maternidade genética é da mãe que cedeu o óvulo e a maternidade biológica é da mãe que gestou e pariu a criança. A técnica acaba sendo, também, uma forma de auxílio em questão Jurídica de reconhecimentos de maternidade.
Mesmo assim, a ROPA não é garantia de que a dupla maternidade seja reconhecida. Uma das mulheres que participou do estudo estava, na época das entrevistas, passando por um processo de separação.  Como a parceira foi quem gestou a criança, ela foi proibida de visitar a filha.
A dificuldade encontrada pelas lésbicas para exercer o direito à maternidade se deve, em grande parte, à falta de uma legislação reguladora para o caso. “Cada Juiz, Clinica ou Cartório acaba agindo da forma que decidir”. As Clínicas podem, por exemplo, não aceitar realizar o processo de reprodução, fazendo com que as mulheres lésbicas precisem procurar os serviços no caso, como solteiras.
“Os Cartórios podem também não aceitar que a criança tenha o sobrenome das duas mães”. Afirma à senhora Mª Eduarda Segundo ela, entre as entrevistadas, todas as mulheres que tentaram conseguir “empurrar” o sobrenome das duas mães no nome da criança. “Apesar de muitas terem êxito em colocar os dois sobrenomes, é bom salientar que isso não implica em ganhos de direitos”. Completa o raciocínio da senhora Mª Eduarda.
Mais informações:
E-mail:ecavadinha@usp.br Seemreat:http://www.blogizazilli.com/index.php/saudeebemestar/maternidadede-mulheres-lesbicas#sthash.wtnPvCUO.dpuf   

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